Dicas preparadas em conjunto com Prof.Celso Grisi, coordenador do curso de MBA em gestão de negócios, comércio e operações internacionais, da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo.
1 CONCEITO
É preciso muito mais do que criatividade
Seja honesto consigo mesmo e avalie suas competências, habilidades, talentos, capacidades, limites e, acima de tudo, se haverá realização pessoal no negócio que você pretende montar, independentemente do dinheiro no bolso. Mas saiba que não adianta apenas ter criatividade e satisfação pessoal para que um empreendimento dê certo. É preciso ter consciência da importância de um plano de negócios consistente e fazer uso dele. Somente o impulso criativo não é o bastante para o sucesso de um negócio.
Para evitar que isso aconteça, é essencial que haja planejamento. Uma dificuldade corriqueira é traduzir o conceito de um negócio. Sem uma definição de o que é e para quem, o planejamento se perderá no meio do caminho.
Veja alguns fatores que devem ser analisados para fazer um planejamento correto:
• societário: relacionamento saudável entre os sócios;
• mercadológico: clientes e fornecedores mapeados;
• tecnológico: infraestrutura de hardware e software;
• financeiro: de onde sairão os recursos e se serão suficientes, além de controle rigoroso do fluxo de caixa;
• burocrático: tempo e custo de cada formalidade.
Avalie se há dinheiro suficiente para tocar o negócio, bem como o domínio das tecnologias para chegar à melhor metodologia de produção, que, não basta ser boa, deve apresentar vantagem de custo e qualidade sobre os concorrentes. Em relação às sociedades, é importante estabelecer acordos de governança, atribuições, tarefas, aportes e a divisão dos resultados para cada sócio. Crie possibilidades de substituir os sócios e a melhor forma de realizar essa transição. Mas, mesmo seguindo todo o roteiro, nada garante a prosperidade do negócio. Quando o planejamento estiver em fase de conclusão, é muito importante que ele seja testado. Use e abuse de testes de conceitos e pesquisas de mercado. Procure entidades, fundações, consultorias e incubadoras das universidades que apóiam o pequeno empresário e que fornecem roteiros de planejamento.
2 RECEITAS E DESPESAS
Fluxo de caixa é um indicador de saúde
Uma das principais dificuldades do empreendedor é decifrar o tal fluxo de caixa. O palavrão do mundo das finanças nada mais é do que um instrumento gerencial capaz de controlar e informar sobre todas as movimentações financeiras durante um período de tempo de sua empresa.
O fluxo de caixa representa a disponibilidade de dinheiro e, por isso, indica como está a saúde de seu negócio. Seu controle pode aumentar lucros, evitar problemas por não prever sobras ou falta de dinheiro e servir como ferramenta de apoio à tomada de decisões. O problema é que o que deveria ser primordial para as empresas costuma ficar em segundo plano.
É comum o pequeno empreendedor olhar com maior atenção para o produto e serviço que quer oferecer ao mercado e deixar para depois o controle das finanças. “Muitas vezes as empresas quebram com dinheiro para receber, mas com um fluxo de caixa desequilibrado”, diz Celso Grisi, da FIA.
O capital de giro é o controle das entradas e saídas de dinheiro no caixa da empresa e é o responsável por indicar previamente, entre outras questões:
• quando será preciso obter um empréstimo de capital de giro (recurso que fará sua empresa funcionar mês após mês);
• qual a hora para reduzir e aumentar preços;
• se é possível conceder prazos de pagamentos aos clientes ou comprar à vista dos fornecedores;
• se as vendas serão suficientes para cobrir desembolsos futuros;
• quando os estoques devem ser renovados;
• e, por fim, pode servir como medidor de quanto está valendo seu negócio no mercado, em caso de uma possível venda.
Qualquer empresa pode controlar o fluxo de caixa de maneira eficiente. “Hoje em dia, existem softwares que não apenas calculam a entrada e a saída do dinheiro, como analisam os custos fixos, variáveis, indiretos, diretos, a rentabilidade por distribuidor e ainda emitem relatórios mensais, semanais e diários”, diz Celso Grisi. Comprar um bom software é simples, eles são fornecidos por várias instituições bancárias. E com o auxílio de um contador não há segredo ou mistério para fazer o seu negócio dar certo.
4 FORNECEDORES E PATROCINADORES
A relação com fornecedores é a chave do sucesso
Os fornecedores de uma empresa devem ser escolhidos a dedo, não apenas considerando-se o custo de seus produtos e serviços, mas também a longevidade da relação com a companhia. Em momentos de dificuldades financeiras, muitas vezes o que diminui a instabilidade é um relacionamento sólido com sua rede de fornecedores e clientes.
Os valores de uma empresa, portanto, devem estar completamente alinhados aos valores de seus parceiros. De nada adianta, por exemplo, uma produtora de papel investir em amplos programas de reflorestamento e reciclagem mas não estabelecer parcerias com fornecedores também preocupados e comprometidos com o meio ambiente. O ideal é que os fornecedores forneçam equipamentos e máquinas que não emitam gases causadores do efeito estufa ou mesmo que produzam embalagens sustentáveis. Fornecedores qualificados geram maior solidez à empresa contratante.
Os bons hábitos empresariais em cadeia ajudam a garantir o sucesso de um negócio não só para si, mas para todo o seu entorno.
Mas como saber estabelecer parcerias saudáveis e contratar bons fornecedores? Algumas fórmulas simples costumam ajudar. Para contratar um fornecedor, deve-se seguir o mesmo procedimento exigido em processos seletivos na contratação de um profissional. Outro ponto importante é conhecer as características e vocação específicas do fornecedor que você procura para o seu negócio. Alguns fornecedores desenvolvem atividades que, por questão estratégica, não estão internalizadas na empresa, mas compõem as atividades da organização. Ele deve, portanto, possuir as qualificações necessárias, ser orientado quanto ao entendimento do negócio, além de possuir capacidade de adesão ao projeto da organização que o contrata.
5 MONTAR UM TIME
Como administrar a equipe e atrair gente boa
Selecionar profissionais qualificados, comprometidos, com conhecimentos em determinadas funções e, ainda, hábeis em suas interfaces com públicos interno e externo pode ser um desafio exaustivo, que exige tempo e paciência. Muitas empresas, na tentativa de facilitar esse processo de seleção, assumiram o papel de formadoras e oferecem programas de estágios, trainee, investem em cursos e palestras. Mas não é o caso das pequenas. A elas cabe o olhar crítico e certeiro na hora da contratação. Mas será que é possível formar uma boa equipe somente por meio do recrutamento?
Para ter um time de bons profissionais usando critérios especiais de contratação é preciso instituir procedimentos bem estruturados. A definição de cada atividade, permeada pelos níveis hierárquicos e departamentos, deve ser estabelecida baseando-se nas competências e finalidades de cada interface. Isso sem tirar a autonomia para atuação do profissional e da equipe em programas de reconhecimento por resultados, o que favorece a produtividade, alcance de metas e soluções rápidas. Cada etapa do processo seletivo determina um posicionamento estratégico para o recrutamento, com fontes diferentes diante de cada situação. Uma das grandes fontes para bons recrutamentos são as escolas técnicas, universidades e associações.
Outra fonte eficaz está no networking e nas redes sociais. Algumas consultorias de seleção também possuem expertise em potencializar e promover o alinhamento entre ofertas e potenciais candidatos, minimizando tempo de processos seletivos. A falta de pessoas certas nos lugares certos, com competências apropriadas às funções, pode chegar a definir o fracasso de uma empresa. A primeira falha geralmente diagnosticada é a falta do trabalho em equipe.
Essa falta de visão de que a empresa funciona por um sistema que depende de todos os passos e funções, que estão interligados (um não acontece sem o outro) até seu produto final, é nocivo para o futuro do negócio. Para que essa união aconteça é preciso que a empresa invista em comunicação interna. A motivação e o comprometimento estão atrelados ao rumo definido pela empresa e sua habilidade em se comunicar com os liderados. Há a necessidade de desenvolver uma cultura empresarial consistente que una os grupos internos.
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