terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Conselho de leitores Gazeta do Povo - 2010 e 2011

O novo Conselho de Leitores da Gazeta do Povo fez sua primeira reunião na quarta-feira à noite e concentrou seus debates em duas grandes coberturas: a série “Diários Secretos”, sobre denúncias de irregularidades na Assembleia Legislativa do Paraná, e a passagem da seleção brasileira de futebol por Curitiba.
Os conselheiros elogiaram a série de reportagens produzida pela Gazeta do Povo e RPC TV. A expectativa deles é ver respostas objetivas dos deputados sobre a responsabilidade de cada um nas irregularidades já apuradas pelo Ministério Público, principalmente com respeito à gestão de pessoal e de recursos da Assembleia.
Sobre a cobertura da estada dos jogadores da seleção na capital, os integrantes do conselho cobraram mais “vibração” e “criatividade” do jornal. O conjunto de reportagens não conseguiu romper o isolamento proposto pelo técnico Dunga aos jogadores. “O jornal foi tímido”, observa o pequeno empresário Fábio Lopes de Oliveira, que espera uma cobertura da Copa do Mundo em tons “mais patrióticos”.
Os conselheiros vão se reunir uma vez por mês, até abril de 2011, para trocar ideias sobre a Gazeta do Povo.
Integram o Conselho de Leitores 2010-2011: Adriane Aragon, Eduméia Coelho da Silva, Fábio Lopes de Oliveira, Gustavo Brandão, Jacir Venturi, Ramiro GonÇalez, Marta Morais da Costa e Rodrigo Brito.

IMPACTOS DA INFLAÇÃO NOS PEQUENOS NEGÓCIOS ->Mercado reajusta aluguéis muito acima do IGP-M

“Inflação do aluguel” tem alta acumulada de 11,5% nos últimos 12 meses, mas contratos novos vêm subindo bem mais desde o começo de 2010
Publicado em 29/01/2011 |GAZETA DO POVO Cinthia Scheffer, com agências

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) teve variação de 0,79% em janeiro. Usado como referência para a maioria dos contratos de aluguel, o IGP-M acumula alta de 11,5% nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas, que leva em consideração os preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. A estimativa do mercado imobiliário é que o reajuste seja integralmente repassado aos contratos em vigência.

O que se observa nos contratos novos, no entanto, é um aumento bem acima do índice, segundo um levantamento feito pelo professor da Fundação Instituto de Admi­nistração (FIA) e da UFPR Ramiro Gonçalez, especialista em engenharia de mercado. Com base nos anúncios de imóveis de janeiro de 2010 e 2011, o professor observou um aumento de 28,1% no valor dos aluguéis para apartamentos de um quarto no período. Para os apartamentos de dois quatros, a variação foi de 22,4% e para três e quatro quatros, 19,8% e 11,9%, respectivamente.

O estudo também mostra uma variação bem acima da IGP-M no aluguel de casas – 36,7% para imóveis de até 100 metros quadrados, 35,6% entre 100 e 200 metros quadrados e 28,9% acima dessa metragem. “Nos últimos dois anos houve uma brutal valorização do preço de venda dos imóveis. Mas o valor dos aluguéis não acompanhou, por isso está subindo agora e os contratos novos estão com reajuste bem acima da inflação”, diz o professor. Isso porque o valor do aluguel normalmente representa entre 0,6% e 0,9% do valor de venda.

Além disso, houve uma queda grande na oferta, segundo Gonçalez. “Quem quiser trocar de imóvel vai ter uma surpresa. Está se pedindo muito mais do que no mesmo período do ano passado. O melhor, na maioria dos casos, é ficar com o contrato antigo, mesmo com a variação do IGP-M”, aconselha.

Perspectivas

O IGP-M poderá mostrar uma desaceleração em fevereiro e ajudar a taxa acumulada de 12 meses a inverter o movimento de aceleração que foi visto ao longo de todo o ano passado, disse ontem o coordenador de Análi­ses Econômicas da FGV, Salomão Qua­dros. Ele destacou que a maior parte de uma ajuda para o índice em fevereiro poderá vir dos preços ao consumidor.

Para Quadros, enquanto o grupo Alimentação costuma sofrer, especialmente nos primeiros meses de cada ano, uma influência da volatilidade dos itens in natura, as pressões em Educação e Transportes, com os reajustes nas mensalidades escolares e nas tarifas de ônibus respectivamente, tendem a diminuir já em fevereiro, favorecendo o comportamento dos preços ao consumidor do período.

Quase um ano antes, já havia um alerta que isso poderia acontecer

Publicado em 15/04/2009 | Daliane Nogueira

O engenheiro de produção, especialista em inteligência de mercado, Ramiro Gonçalez realizou uma pesquisa para confirmar uma realidade que observava no mercado imobiliário de Curitiba: a oferta escassa de imóveis de um e dois dormitórios para locação. “Levantei a oferta nos classificados dos jornais e depois liguei para as imobiliárias. Descobri que 14% dos imóveis ofertados são de um quarto, mas a procura é muito maior. Em algumas imobiliárias chega a 51%”, diz. O período analisado contemplou as três últimas semanas do mês de janeiro.

Roberto Gonzaga, diretor da administradora Gonzaga, diz que há cerca de 5,5 mil imóveis para locação em Curitiba incluindo os comerciais. “Curitiba e Região Metropolitana têm mais de 2,3 milhões de habitantes. Comparando esse número com o de imóveis para locação é visível o déficit”, afirma.

A procura por imóveis menores é verificada principalmente no primeiro trimestre, época em que os estudantes estão de mudança para a capital para ocupar uma vaga em uma das instituições de ensino superior. “Curitiba possui quase 30 faculdades, é natural que a procura por imóveis de um quatro seja grande”, completa Jorge Biancamano, diretor de locação a Apolar Imóveis.

No mês de janeiro, 50% das locações realizadas em Curitiba foram de um e dois dormitórios, segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar). Os bairros mais procurados são o Centro, Água Verde, Batel e Bigorrilho.

Na avaliação de Gonçalez o que afasta o investidor é a carga tributária muito alta. “Só de Imposto de Renda a pessoa irá pagar 27%.” A diminuição de impostos está entre as propostas do engenheiro para incentivar o investidor a apostar no mercado imobiliário. Ele sugere a redução ou mesmo a eliminação do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) de residências destinadas à locação. “Seria uma medida municipal, mais fácil de ser tomada. Além de resolver esse déficit, movimenta a economia, sem depender do governo federal”, comenta.

Outra proposta polêmica seria regulamentar as residências em que há atividades comerciais, estimulando a prática – que hoje é proibida pela legislação. “Imóveis pequenos têm de ter essa mobilidade”, afirma.

Essas medidas incentivariam a contabilista Mirela Rocil da Silva que é proprietária de um imóvel de dois quartos, alugado desde o início do ano. “É o único imóvel que tenho alugado, mas pretendo investir em outros. O retorno é bom e se houvesse incentivo tenho certeza que estimularia o mercado”, analisa.

O apartamento de Mirela fica no bairro Novo Mundo e tem 76 metros quadrados. Ela conta que precisou apenas de um mês para conseguir locar. “A grande vantagem é que consigo R$ 880 no aluguel, valor que me ajuda a pagar o financiamento do imóvel onde moro hoje”, explica.

CURITIBA -> Copa será prova de fogo

gazeta do povo 12 12 2010
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Fifa não escondem o receio de que a estrutura deficitária dos aeroportos brasileiros atrapalhe a Copa do Mundo de 2014 – sobretudo em um país enorme, que exige deslocamentos por via aérea. A lentidão para iniciar as obras desses espaços já traz impactos na projeção do total de visitantes que serão recebidos pelo país.

Segundo o professor de Inteligência de Mercado da FIA/USP e da UFPR, Ramiro Goncalez, espera-se entre 600 mil e 1,5 milhão de visitantes. “Se o Brasil receber 600 mil pessoas, já será ótimo. Nós vamos limitar a visitação de turistas pela capacidade dos aeroportos”, opina.

O diretor-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Mollo, considera o calendário esportivo um agravante no cenário da aviação brasileira. “Há necessidades urgentes, mesmo sem a realização da Copa do Mundo. As passagens caíram e o poder aquisitivo cresceu, en­­quanto os aeroportos conti­nuam com a mesma estrutura e cada vez mais saturados”, diz.

Não é hora de pensar se ainda há tempo de transformar os aeroportos para os eventos, mas de começar as obras, na avaliação de Apostole Lazaro Chryssafidis, presidente da Associação Bra­­sileira das Empresas de Trans­­porte Aéreo Regional (Abetar). “Agir é muito mais importante do que perguntar se há tempo. Em termos de movimentação, a Copa do Mundo é algo pontual. O problema da infraestrutura precisa ser solucionado com urgência”, afirma.

Entre 2011 e 2014, a Infraero promete investir R$ 5,23 bilhões nos 13 aeroportos das cidades-sede, incluindo Curitiba, além de implantar módulos operacionais (que aumentam a capacidade de recebimento dos espaços em eventos) em Brasília, Guarulhos, Cam­­­pinas e Cuiabá. Outros dez aeroportos de cidades próximas também devem receber melhorias.

copa 2014 - Tranportes: País precisa investir em outros modais

GAZETA DO POVO 12/12/2010 | 00:07 | Vinícius Boreki

Não é difícil entender os motivos para a sobrecarga de demanda dos aeroportos brasileiros. A histórica falta de investimentos em outros modais de transporte repercute na incidência do “caos aéreo”. Hoje, existem duas opções de transporte entre as principais capitais: rodoviário e aéreo. Em um país de dimensões continentais, rodar pelas estradas do país é proibitivo, obrigando usuários a usar os aeroportos. “É um erro pensar apenas no transporte aéreo. É preciso pensar em alternativas para transformar o cenário”, defende o professor de Inteligência de Mercado da FIA/USP e do Curso de pós-graduação em Admi­­nistração de Negócios da UFPR, Ramiro Goncalez.
Direitos

Goncalez observa duas alternativas viáveis de implantação no Brasil: transporte ferroviário e navegação de cabotagem entre capitais costeiras (como Flo­­rianópolis e Rio de Janeiro). Em relação à primeira opção, o governo federal começou a discutir a implantação de um trem-bala entre São Paulo e Rio, orçado em mais de R$ 30 bilhões. Apesar do novo elo entre as duas principais cidades brasileiras, o professor critica o projeto, afirmando se tratar da “síndrome do novo rico”. “Em vez de trabalhar com o que é possível, trabalha-se com o luxuoso. Com a mesma verba, seria possível fazer um trem ligando Curitiba a Belo Horizonte, passando por São Paulo, Rio e Campinas”, argumenta.

Na avaliação do professor do Departamento de Transportes da UFPR Garrone Reck, implantar o sistema ferroviário, assim como aconteceu na Europa, seria um avanço e quebraria um intervalo de 50 anos sem melhorias no setor. “Houve investimentos inexpressivos no sistema ferroviário nos últimas décadas. Mas não é uma discussão simples, basta acompanhar a evolução do projeto do trem-bala entre Rio e São Paulo”, afirma. Para amenizar o movimento dos aeroportos, Reck sugere mudanças do sistema rodoviário em viagens curtas. “Não há benefício em usar as estradas para viagens acima de 800 ou mil quilômetros”, ressalta.

Para tornar projetos ferroviários possíveis, é necessário viabilizar as parceiras público-privadas (PPPs). Na opinião de Reck, um projeto de trem-bala ou implantações ferroviárias requerem participação do poder público e da iniciativa privada. “Somente o governo não teria como implantar um projeto deste porte”, diz. Apesar das críticas aos aeroportos, o professor diz haver possibilidade de implantar o potencial dos aeroportos brasileiros.

Gargalo

De acordo com Reck e Goncalez, a falta de infraestrutura de transportes adequada no Brasil impede um crescimento econômico maior. “Com a demanda futura de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, é bom haver planejamento estratégico e estabelecer metas de melhorias, mesmo que sejam para o longo prazo”, diz Reck.

Viagem sem incidente vira uma raridade

Atrasos, falta de conforto nas aeronaves, bagagens violadas e estrutura ineficaz são algumas das reclamações dos usuários do sistema aéreo brasileiro. No topo das críticas estão os locais para desembarque. Os aeroportos de maneira geral enfrentam falta de espaço para pouso dos aviões, dificultando a saída das aeronaves. Até mesmo os estacionamentos para carros dos terminais estão com capacidade comprometida. O problema é alvo de frequentes reclamações, por exemplo, dos usuários do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

Somado a tudo isso, neste período do ano os passageiros encontram nos aeroportos e aeronaves funcionários insatisfeitos. Os aeroviários e aeronautas estão em plena campanha salarial e um acordo ainda parece distante – eles reivindicam um reajuste de 30% para as categorias que já têm piso salarial e 15% para os demais. Para tentar pressionar os patrões, os funcionários realizaram até operação-padrão.

Com tudo isso, ter uma viagem tranquila tem se tornado algo cada vez mais difícil no país. “Levei três horas até São Paulo e fiquei mais de uma hora no avião porque não havia ônibus para buscar os passageiros”, conta o gerente de marketing Cassio Santana da Silva, que percorre o trajeto Recife-São Paulo ao menos uma vez por semana.

No fim de ano, o usuário mais comum é aquele preparado para “uma guerra”. Sócia da Caminhos Operadora de Turismo, Roberta Redivo alerta que paciência é fundamental. “A pessoa sabe das dificuldades, mas a vontade de viajar é maior. Além de calma e tranquilidade, recomendamos ter conhecimento de seus direitos”, conta. Os três maiores medos, segundo Roberta, são de perder conexão, ter a bagagem furtada ou perdida e ficar muito tempo parado nos aeroportos.

Para diminuir a possibilidade de problemas, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) estabeleceu acordo com companhias aéreas, Decea e Infraero. As empresas devem dispor de aeronaves extras e não praticar overbooking; o Decea deve aumentar em 14% os controladores de voo; e a Infraero deve oferecer equipes extras para fiscalizar aeroportos.

Ausência de novas multinacionais empobrece perfil de profissionais

A reportagem é de Breno Baldrati - Gazeta do Povo - 3 janeiro de 2011

O fim do movimento que trouxe grandes empresas ao estado preocupa analistas, que enxergam um mercado com trabalhadores menos qualificados.

Os benefícios tangíveis da presença de uma multinacional são conhecidos por todos: gera emprego, eleva a arrecadação do município e valoriza o mercado imobiliário. Esses bens facilmente observáveis, porém, não são as únicas vantagens atreladas ao estabelecimento de uma grande empresa numa região. Detentoras de práticas de gestão de alto nível, as multinacionais ajudam a disseminar conceitos desconhecidos ou não praticados por companhias locais e familiares. Por consequência, sua presença tem um impacto direto na qualidade dos profissionais da cidade em que estão instaladas.

Por isso a transferência da diretoria da Kraft de Curitiba para São Paulo, anunciada em maio passado e a ser concretizada em janeiro, é apontada como motivo de preocupação por analistas do mercado. No caso do Paraná, não só a saída mas especialmente a ausência da chegada de novas grandes empresas colobora para o empobrecimento do perfil dos profissionais daqui.

“As multinacionais transferem para as regiões onde estão instaladas políticas de mercado e tecnologia de gestão”, afirma Ramiro Gonçalez, professor do MBA da Fundação Instituto de Adminis­tração USP e do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administra­ção da UFPR. “Mais do que jargões, essas técnicas de administração ajudam a criar conceitos de governança corporativa e métricas de negócios. Isso ajuda a formar entre os profissionais conceitos que aumentam a eficiência e a produtividade. Por isso, infelizmente, há um esvaziamento nessa transferência tecnológica com a saída da Kraft de Curitiba”, diz.

A falta de incentivo por parte do governo estadual é apontada como maior causa para o fim desse movimento de chegada de multinacionais nos últimos anos. Além disso, a qualidade de vida e a infraestrutura de Curitiba e região já não chamam mais atenção como antes, especialmente quando comparada ao fim dos anos 1990, década da chegada das montadoras ao estado.

No caso da Kraft, a ida da diretoria para São Paulo ocorreu após a compra da Cadbury, que já possui instalações na capital paulista. Ao todo, 13 diretorias foram deslocadas, incluindo toda a área de marketing e de vendas. A em­­presa afirma que faz mais sentido essas áreas ficarem em São Paulo, onde estão concentradas as agências de propaganda e os institutos de pesquisa.

Escola

“Toda multinacional pode ser considerada uma grande escola. As multinacionais têm suas peculiaridades, investem em treinamento e na formação dos profissionais. Isso acaba diferenciando os profissionais dessas empresas daqueles que atuam em firmas nacionais ou locais”, diz Carla Mello, diretora geral da Acta e da DBM em Curitiba, empresa especializada em outplacement.

Para Gonçalez, Curitiba está numa posição privilegiada e precisa se aproveitar da situação se quiser chegar a um patamar de mercado de trabalho de alto nível. “Temos tudo: ótimas universidades, um bom sistema de telecomunicação, mão de obra qualificada e uma invejável posição geográfica – próxima ao maior mercado consumidor do Brasil, São Paulo, e próxima ao Mercosul. Somente seremos inovadores se tivermos um pólo industrial e de serviços que desafie essa mão de obra qualificada. Para isso, é preciso mais incentivo do poder público para que grandes empresas escolham Curitiba como base regional.”

Longo prazo

O problema se alonga no longo prazo, diz Carla. “Em termos de bens intagíveis, a saída de uma multinacional faz a cidade perder mas­sa crítica, pessoas com base só­lida de trabalho e boa formação. Quem tem esse perfil profissional cos­tuma investir nos filhos da mesma forma, dando ênfase na educação e nos valores para se construir uma carreira. E esses filhos também vão embora com essa migração.”
Após 11 anos em Curitiba, executivo volta a São Paulo

O executivo Eduardo Tadeu do Rosário, de 46 anos, está deixando Curitiba depois de 11 anos na cidade. Ex-funcionário de uma empresa do setor de alimentos, ele voltará a São Paulo no início do próximo ano. Depois de seis meses de busca por uma recolocação profissional, optou por retornar ao mercado paulista, onde acredita ter maiores oportunidades.

Rosário faz parte de um contingente de profissionais que chegaram a Curitiba sob a promessa de melhor qualidade de vida e futuro profissional. “Acho que a cidade perdeu muito nos últimos anos. Hoje vou buscar minha filha na escola e passo quase 50 minutos no trânsito. Quando a qualidade de vida, que é um dos maiores atrativos da cidade, começa a ficar questionável, a opção de voltar para São Paulo volta a ser atraente”, diz.

Ele reclama da falta de opções para cargos de alto escalão. “Real­mente sinto que em Curitiba a disponibilidade de emprego está muito pequena, e parece que é um movimento que vai se agravar, porque não vemos grandes em­­presas se estabelecendo na região. Se você pega a região de Barueri, em São Paulo, vê que ela está bombando. O problema é que aqui o governo não está sabendo segurar as empresas. Por exemplo, fazer obras que realmente façam a diferença. Que daqui a 20 ou 30 anos sejam um diferencial.”

Para o gerente regional da unidade de Curitiba da empresa britânica de caça-talentos Michael Page, Roberto Picino, um dos problemas da cidade é a falta de grandes empresas do mesmo segmento, o que limita as possibilidades para o profissional. “Já houve um momento em que Curitiba incentivava e trazia mais as multinacionais”, pontua.

Impostos

Essa falta de estímulos para o estabelecimento na capital, porém, é questionada, especialmente pelo setor de tecnologia. “Em relação à diminuição da vinda de empresas, acho que isso está mais relacionado com o incentivo fiscal, no âmbito do ICMS [tributo estadual]”, diz Fernando Estrázulas, diretor da Wipro Technologies para a América Latina, com sede em Curitiba. “No caso das empresas de prestação de serviço, como a Wipro, fomos muito bem recebidos na cidade – com incentivo de ISS [Imposto sobre Serviço, tributo municipal].”

A reportagem é de Breno Baldrati - Gazeta do Povo

domingo, 2 de janeiro de 2011

Voluntariado para COPA 2014. Isso existe?

Em visita a organizacao dos jogos Olimpicos de Londres 2012, conheci um programa de voluntariado que poderia ser aplicado a Curitiba ( e regiao) em 2014.
Coordenado pelo prefeito de Londres - Boris Johnson - o  programa recrutou e selecionou 8.000 voluntários que irao trabalhar durante os jogos Olimpicos 2012 . O programado chamado Embaixadores de Londres  recebeu 22.000 candidatos e foi encerrado em dezembro 2010.
Os Voluntários serão alocados em 35 bairros, com um arranjo geografico que distribui os participantes entre os 2 aeroportos  e nas 33 principais atrações turísticas.
Os voluntarios irao se revezar durante os 30 dias dos jogos em jornadas de  seis dias consecutivos. Cada jornada compreende 6 dias trabalhando trurnos de 5 horas por dia.
Uma vez iniciado seu turno o voluntario nao pode muda-lo. Havera necessidade de 6.000 voluntarios, sendo 2.000 substitutos ou capacidade de reserva.
Como houve procura maior que as vagas disponiveis, o conhecimento de uma segunda lingua foi um dos fatores de classificacao. As linguas com maior peso no recrutamento: Chines, espanhol e frances.
Vejam detalhamento no site abaixo

http://www.london2012.com/get-involved/volunteer/other-ways-to-volunteer/london-ambassadors.php


Prof Ramiro Gonçalez - FIA
Inteligência de mercado e mídia
@ramirogoncalez -> http://que-midia-e-essa.blogspot.com/
ramirogon@uol.com.br
Autor: Mídias e Negócios e QUE CRISE É ESSA?

sábado, 25 de dezembro de 2010

Ausência de novas multinacionais empobrece perfil de profissionais O fim do movimento que trouxe grandes empresas ao estado preocupa analistasi

GAZETA DO POVO PUBLICOU  em 22/12/2010 MATÉRIA de | Breno Baldrat

Os benefícios tangíveis da presença de uma multinacional são conhecidos por todos: gera emprego, eleva a arrecadação do município e valoriza o mercado imobiliário. Esses bens facilmente observáveis, porém, não são as únicas vantagens atreladas ao estabelecimento de uma grande empresa numa região. Detentoras de práticas de gestão de alto nível, as multinacionais ajudam a disseminar conceitos desconhecidos ou não praticados por companhias locais e familiares. Por consequência, sua presença tem um impacto direto na qualidade dos profissionais da cidade em que estão instaladas.
Por isso a transferência da diretoria da Kraft de Curitiba para São Paulo, anunciada em maio passado e a ser concretizada em janeiro, é apontada como motivo de preocupação por analistas do mercado. No caso do Paraná, não só a saída mas especialmente a ausência da chegada de novas grandes empresas colobora para o empobrecimento do perfil dos profissionais daqui.
Após 11 anos em Curitiba, executivo volta a São Paulo
O executivo Eduardo Tadeu do Rosário, de 46 anos, está deixando Curitiba depois de 11 anos na cidade. Ex-funcionário de uma empresa do setor de alimentos, ele voltará a São Paulo no início do próximo ano. Depois de seis meses de busca por uma recolocação profissional, optou por retornar ao mercado paulista, onde acredita ter maiores oportunidades.
Rosário faz parte de um contingente de profissionais que chegaram a Curitiba sob a promessa de melhor qualidade de vida e futuro profissional. “Acho que a cidade perdeu muito nos últimos anos. Hoje vou buscar minha filha na escola e passo quase 50 minutos no trânsito. Quando a qualidade de vida, que é um dos maiores atrativos da cidade, começa a ficar questionável, a opção de voltar para São Paulo volta a ser atraente”, diz.
Ele reclama da falta de opções para cargos de alto escalão. “Real­mente sinto que em Curitiba a disponibilidade de emprego está muito pequena, e parece que é um movimento que vai se agravar, porque não vemos grandes em­­presas se estabelecendo na região. Se você pega a região de Barueri, em São Paulo, vê que ela está bombando. O problema é que aqui o governo não está sabendo segurar as empresas. Por exemplo, fazer obras que realmente façam a diferença. Que daqui a 20 ou 30 anos sejam um diferencial.”
Para o gerente regional da unidade de Curitiba da empresa britânica de caça-talentos Michael Page, Roberto Picino, um dos problemas da cidade é a falta de grandes empresas do mesmo segmento, o que limita as possibilidades para o profissional. “Já houve um momento em que Curitiba incentivava e trazia mais as multinacionais”, pontua.
Impostos
Essa falta de estímulos para o estabelecimento na capital, porém, é questionada, especialmente pelo setor de tecnologia. “Em relação à diminuição da vinda de empresas, acho que isso está mais relacionado com o incentivo fiscal, no âmbito do ICMS [tributo estadual]”, diz Fernando Estrázulas, diretor da Wipro Technologies para a América Latina, com sede em Curitiba. “No caso das empresas de prestação de serviço, como a Wipro, fomos muito bem recebidos na cidade – com incentivo de ISS [Imposto sobre Serviço, tributo municipal].”
“As multinacionais transferem para as regiões onde estão instaladas políticas de mercado e tecnologia de gestão”, afirma Ramiro Gonçalez, professor do MBA da Fundação Instituto de Adminis­tração USP e do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administra­ção da UFPR. “Mais do que jargões, essas técnicas de administração ajudam a criar conceitos de governança corporativa e métricas de negócios. Isso ajuda a formar entre os profissionais conceitos que aumentam a eficiência e a produtividade. Por isso, infelizmente, há um esvaziamento nessa transferência tecnológica com a saída da Kraft de Curitiba”, diz.
A falta de incentivo por parte do governo estadual é apontada como maior causa para o fim desse movimento de chegada de multinacionais nos últimos anos. Além disso, a qualidade de vida e a infraestrutura de Curitiba e região já não chamam mais atenção como antes, especialmente quando comparada ao fim dos anos 1990, década da chegada das montadoras ao estado.
No caso da Kraft, a ida da diretoria para São Paulo ocorreu após a compra da Cadbury, que já possui instalações na capital paulista. Ao todo, 13 diretorias foram deslocadas, incluindo toda a área de marketing e de vendas. A em­­presa afirma que faz mais sentido essas áreas ficarem em São Paulo, onde estão concentradas as agências de propaganda e os institutos de pesquisa.
Escola
“Toda multinacional pode ser considerada uma grande escola. As multinacionais têm suas peculiaridades, investem em treinamento e na formação dos profissionais. Isso acaba diferenciando os profissionais dessas empresas daqueles que atuam em firmas nacionais ou locais”, diz Carla Mello, diretora geral da Acta e da DBM em Curitiba, empresa especializada em outplacement.
Para Gonçalez, Curitiba está numa posição privilegiada e precisa se aproveitar da situação se quiser chegar a um patamar de mercado de trabalho de alto nível. “Temos tudo: ótimas universidades, um bom sistema de telecomunicação, mão de obra qualificada e uma invejável posição geográfica – próxima ao maior mercado consumidor do Brasil, São Paulo, e próxima ao Mercosul. Somente seremos inovadores se tivermos um pólo industrial e de serviços que desafie essa mão de obra qualificada. Para isso, é preciso mais incentivo do poder público para que grandes empresas escolham Curitiba como base regional.”
Longo prazo
O problema se alonga no longo prazo, diz Carla. “Em termos de bens intagíveis, a saída de uma multinacional faz a cidade perder mas­sa crítica, pessoas com base só­lida de trabalho e boa formação. Quem tem esse perfil profissional cos­tuma investir nos filhos da mesma forma, dando ênfase na educação e nos valores para se construir uma carreira. E esses filhos também vão embora com essa migração.”