sábado, 20 de novembro de 2010

Empreendedorismo segundo André Esteves

Empreendedorismo segundo André Esteves

Simplicidade e objetividade. Vejam resumo de plalestra do ANDRÉ ESTEVES Por Silvia Balieiro durante o Fórum de Empreendedores

“Meu primeiro dia no mercado de investimento terminou com 100% de perda”. A frase foi dita neste sábado por André Esteves, um dos banqueiros mais bem-sucedidos do Brasil, que conquistou seu primeiro bilhão de dólares aos 37 anos.

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O fracasso inicial se explica: quando começou a trabalhar no banco Pactual, ainda nos anos 80, Esteves havia comprado um Gol em 24 prestações. Filho de mãe professora universitária, não tinha dinheiro para pagar o seguro. E no seu primeiro dia de trabalho, o veículo foi roubado. “Fiquei sem carro e ainda tive que pagar todas as prestações que faltavam”, disse o banqueiro à plateia que o assistiu durante o Fórum de Empreendedores, que acontece neste final de semana em Campos do Jordão.

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“Sem carro e com uma dívida para pagar, minha única opção era trabalhar para pagar a dívida”. Segundo o próprio Esteves, a dificuldade fez aflorar ainda mais seu espírito empreendedor. Como o banco de investimento oferecia uma remuneração variável maior do que a fixa, decidiu se dedicar ao máximo para ganhar mais.

Na época, Esteves estava no segundo ano de faculdade e começou no banco como analista de sistemas. Mas, por conta própria, começou a estudar economia para mudar para a área de operações. A oportunidade de mudar surgiu no início de 1990, quando foi para a operação da mesa de renda fixa do banco. Porém, no primeiro final de semana, foi anunciado o Plano Collor, que sequestrou toda a dívida pública do país. Ao chegar ao banco na segunda-feira, viu que não havia mais nada a fazer, pois não havia dinheiro para investir.

Como era o mais novo de uma área, Esteves achou que corria o risco de ser demitido. Para evitar isso, começou a estudar a legislação do novo plano econômico e durante uma reunião com vários diretores do banco sugeriu a criação de um fundo que investia nos FAFs (Fundos de Aplicação Financeira) de grandes instituições. A ideia não só foi aceita, como Esteves foi promovido à chefe da área, que marcou o início do Pactual Asset Management, que hoje tem US$ 45 bilhões sob sua gestão.

“Conto essas histórias para mostrar que problemas, dificuldades, missões impossíveis, são, no fundo, oportunidades de empreender”, afirmou Esteves. O banqueiro lembra que para ter um negócio de sucesso, não basta ter um objetivo, é preciso ter flexibilidade para se adaptar às realidades e às mudanças do mercado. Segundo ele, um curso encomendado por ele à Universidade de Harvard, analisou 5000 Planos de Negócios de países e modelos diferentes. De todos esses, apenas três seguiram o plano de negócio à risca e tiveram sucesso dessa forma. No entanto, outros vários negócios mudaram a trajetória e chegaram a ter até mais sucesso do que os três que seguiram o BP.

Erros
Para o banqueiro, errar faz parte de qualquer negócio. Especialmente no setor financeiro, uma boa margem de acerto é de aproximadamente 2/3. “Todas as segundas-feiras, quando vou para o escritório, sei que farei muitas besteiras naquela semana”. Mas, segundo Esteves, errar não é ruim. Errar é uma dádiva. Triste é não aprender com os erros. “Bater de avião não pode. Mas bater de carro, dentro do limite de velocidade, com cinto de segurança, pode ser um problema contornável”, disse o banqueiro.

E há algum segredo para o sucesso? Ao responder essa pergunta, Esteves afirma que não existe sucesso sem trabalho. E três pilares são indispensáveis: talento, trabalho duro em equipe e motivação.

A simplicidade é outro adjetivo que André Esteves considera essencial para o sucesso das empresas. “Todas as empresas vencedoras são frugais. Simplicidade é essencial, porque faz com que os executivos não percam de vista os valores essenciais”, diz. E completa a idéia mostrando um pouco de sua personalidade: “Não troco de carro há quatro anos e nunca andei numa Ferrari. A diferença de ter três carros ou dezessete é zero. Não podemos nos apegar à bobagens, que sequer nos fazem diferentes”, afirma.

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